O cantor soteropolitano Jauperi, contratado para cantar no Festival Vermelho Bahia, o Bailinho dos 100 anos do PCdoB, cometeu mais uma destreza da sua característica antagônica.
No final do seu show, ultima apresentação do festival, surge espontaneamente na plateia o coro "fora Bolsonaro", como já tinha acontecido no show anterior da cantora Juliana Ribeiro. Mas diferente da cantora, Jau interrompe a manifestação pra dizer "se for pedir fora Bolsonaro, tenho que pedir fora Putin".
Muitos comunistas saíram da festa decepcionados com a fala do cantor, já que seu discurso se alinha com as narrativas dos EUA na luta pela sua hegemonia frente ao comunismo no mundo e para tanto influencia golpes de estado como o que ocorreu na Ucrânia em 2014 mas também no Brasil de 1964, onde o país viu, nos anos seguintes, o mais sanguinário regime político e muitos comunistas foram torturados e mortos, inclusive em Salvador. Pergunte a Emiliano José ou a Theodomiro Romeiro o que foi o Quartel do Barbalho.
O Massacre da Lapa
No final de 1976 por exemplo, enquanto Jauperi, com 6 anos, brincava no Rio Vermelho em Salvador, o Exercito matava três dirigentes do PCdoB no bairro da Lapa em São Paulo. Ao mesmo tempo que o exército matava João Batista Franco Drummond, Ângelo Arroyo e Pedro Pomar, no que ficou conhecido como Massacre da Lapa, outro cinco eram torturados: Elza Monnerat, Haroldo Lima, Aldo Arantes, Joaquim Celso de Lima e Maria Trindade.
Pedir fora Putin no centenário do PCdoB em Salvador foi como abrir mais um corte "no vão da ferida" que o partido carrega no livro da sua história. Se não foi má-fé foi ignorância de mais um artista baiano que não tem compromisso com a luta de seu povo e apenas finge ser antirracista como no episódio do Restaurante Sette, na ladeira da Barra, que hoje lhe acusa de calúnia, não nas redes sociais como Jau fez, mas no fórum adequado.
Enquanto Jauperi dorme tranquilo no Marina Riverside, os comunistas pernoitam contra esse tipo de "artismo baiano".
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