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Foto do escritorJailton Andrade

No vão da ferida mais um corte

A perversidade de Bolsonaro diante da catástrofe na Bahia

Foto: Leonardo Bessato


Em qualquer outro momento na história do Brasil a atitude do governo federal diante da calamidade baiana seria surpreendente, mas diante de Bolsonaro tudo parece normal.


Transbordam nas redes sociais diariamente caldos de uma realidade brutal das pessoas, animais, carros e casas que são levados pelos principais rios da Bahia numa mistura de chuva, frio, desespero e rompimento de barragens. Barragens baianas privadas, segundo o coronel Adson Marchesini, comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militares da Bahia. Aliás, isso é um assunto que Rui Costa tem que explicar depois...


Na Bahia 25 pessoas já morreram, 517 feridas, 37.035 desabrigadas, 54.771 desalojadas e mais de ¼ dos municípios baianos em estado de emergência. Em Minas as torrentes mataram 6 pessoas e mantem 124 municípios em estado de emergência.


Não é custoso lembrar que o mesmo fenômeno que atinge a Bahia neste momento – La Niña – é o mesmo que, em 2011, assolou o Rio de Janeiro na “tragédia da Serra” onde 918 pessoas morreram, 345 sumiram, 35 mil ficaram desabrigadas. Dilma, com menos de 1 mês na Presidência da República, esteve no local e chorou com os sobreviventes.


No dia seguinte ao choro, 14 de janeiro de 2011, o palhaço milionário Luciano Huck, de dentro de sua mansão em Angra dos Reis, sacou seu celular do bolso e meteu um “tuíte” dizendo, em outras palavras, que a presidenta deveria ter agido antes, cobrando o aparelhamento da Defesa Civil... um cínico que nunca explicou ao seu público o que é defesa civil, nem como conseguiu comprar um terreno de marinha e lá construir uma mansão. Alás, é bom lembrar também que esse terreno em Angra que ele comprou por R$550 mil em 2001 e depois construiu seu castelo a prova de enchentes no valor de R$ 15 milhões, foi vendida a Joesley Batista por R$ 33,4 milhões. Mas voltando a 2011, ao invés de ajudar na tragédia da Serra, Huck se aproveita do sinistro para impulsionar o seu negócio: o Peixe Urbano...E nas chuvas de 2021, Huck trilha, de bike, o Vale dos Búfalos, em Trancoso, tão perto e tão longe da realidade baiana. Enfim, é outro sem graça nem surpresa.


Mas voltando às cifras envolvidas aqui, elas são úteis também para se estabelecer a proporção da iniquidade.


Na tragédia de 2011, Dilma anunciou investimento de R$700 milhões para a reconstrução da Serra Fluminense e no ano seguinte R$ 20 bilhões, no chamado PAC da Prevenção. O Governo do Estado do Rio já tinha anunciado o investimento de R$ 521 milhões em unidades habitacionais e R$ 510 milhões para contenção de encostas e drenagem.


Voltemos para a Bahia. Além da indiferença de Bolsonaro para a tragédia baiana – ele desistiu de pousar seu revelion na praia de Inema para nem passar perto – seu governo anuncia investimento de R$ 80 milhões para o Nordeste, isso mesmo, os 80 ainda é pra dividir com os outros estados do nordeste.


R$ 80 milhões de ajuda equivale a 0,1% do lucro que a Petrobras teve de janeiro a setembro deste ano! Só nos últimos 3 meses a Petrobras lucrou com gás de cozinha, gasolina e outros combustíveis, R$ 31,1 bilhões, com B de bola. No mesmo período a Caixa lucrou R$ 3,2 bilhões, só pro leitor tem uma dimensão proporcional do que são R$ 80 milhões dividido entre os estados do nordeste. E isso só pra citar 2 empresas que Bolsonaro tem nas mãos, empresas do estado.


Além de não ajudar o povo baiano, Bolsonaro ainda impede que outros países ajudem, a exemplo da Argentina que pretendia enviar imediatamente ao sul da Bahia uma missão com profissionais especializados nas áreas de água, saneamento, logística e apoio psicossocial para vítimas de desastres. Isso tudo enquanto passeia nas praias de Santa Catarina com moto aquática da Marinha e exibindo seu sorriso torto e perverso.


O governador da Bahia, por exemplo, ampliou a Tarifa Social da Embasa para as famílias atingidas e fez isso porque tem o mando na estatal. E o governo federal teria inúmeras formas de intervir no domínio econômico para ajudar a Bahia, mas não quer. Bolsonaro quer aproveitar a tragédia na Bahia pra matar mais um pouquinho...






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